Friday, October 28, 2016

Teste Modelo 1 - Correção

Grupo I

Subgrupo I.1

Escolha apenas uma alternativa em cada questão

1. A palavra ‘Filosofia’ significa etimologicamente:

     A. ‘Amor à sabedoria’;
     B. ‘sabedoria do amor’;
     C. ‘amor da sabedoria’;
     D. nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Das seguintes alternativas escolha a que se refere à radicalidade da filosofia:

    A. A filosofia é um saber independente de qualquer outro saber ou de qualquer interesse ou poder exteriores a ela;
    B. O filósofo não recua perante nada nem ninguém na busca da verdade;
    C. A filosofia é fruto da História: tem uma tradição e radica a sua problematização nas solicitações de cada época histórica.
    D. Os problemas da filosofia interessam a todos os seres humanos, do passado, do presente e do futuro.

3. "O senso comum é um saber universal". Esta afirmação é:

     A. Falsa, porque o senso comum é um saber que só alguns homens possuem;
     B. Verdadeira porque todos os homens possuem senso comum;
     C. Falsa, porque, embora todos os homens possuam senso comum, este é um saber relativo;
     D. Verdadeira, porque o senso comum é um saber sobre o universo.

4. “Só sei que nada sei”. Com esta afirmação Sócrates:

     A. reconhece que a filosofia não é um saber;
     B. reconhece que é mais sábio do que aqueles que vivem mergulhados no senso comum;
     C. reconhece que o objetivo da filosofia é a ignorância;
     D. reconhece que os filósofos são ignorantes.

5. "A Filosofia distingue-se das ciências porque estuda a totalidade do real". Esta afirmação é:
     A. Falsa, porque a Filosofia não é um saber racional;
     B. verdadeira porque a Filosofia é uma ciência como as outras;
     C. Falsa, porque a Filosofia é uma ciência como qualquer outra;
     D. verdadeira, porque cada ciência tem um objecto de estudo específico.

6. Aristóteles afirma que a Filosofia começa com o espanto. Isto significa que:

     A. Só pode ser filósofo quem reconhecer a sua ignorância;
     B. a filosofia não se distingue do senso comum;
     C. só os ignorantes podem filosofar;
     D. em Filosofia não há qualquer conhecimento.

7. Na alegoria da caverna, a caverna representa:

     A. a Filosofia;
     B. a Filosofia e as ciências;
     C. as sociedades primitivas;
     D. o senso comum.

8. As questões filosóficas são:

     A. Fechadas, infinitas e universais;
     B. universais, abertas e abstratas;
     C. finitas, abertas e abstratas;
     D. inconclusivas, abrangentes e pessoais.

9. "O senso comum é um saber completamente inútil". Esta afirmação é:

     A. Falsa, porque a Filosofia é a melhor parte do senso comum;
     B. verdadeira porque o senso comum só serve para nos atrapalhar;
     C. Falsa, porque o senso comum serve para nos orientarmos nas tarefas quotidianas;
     D. verdadeira, porque o senso comum só coloca questões, não dando respostas.

10. "Ousa saber! Tem a coragem de usares o teu próprio entendimento!". Esta afirmação de Kant refere-se a uma característica da Filosofia. A qual?

     A. À historicidade;
     B. à radicalidade;
     C. à universalidade;
     D. à autonomia.

Subgrupo I.2

Decida da verdade ou falsidade dos seguintes enunciados:

1. A filosofia é um saber ametódico.
2. O senso comum é um saber superficial.
3. Quem é filósofo é ignorante.
4. Uma característica das questões filosóficas é que estas não admitem uma resposta conclusiva.
5. Autonomia significa: viver na dependência de outrem.
6. A principal diferença da filosofia em relação ao senso comum é que não é possível responder às questões filosóficas.
7. Uma das características da filosofia é a universalidade, uma vez que se trata de um saber que interessa a todos os seres humanos.
8. As questões filosóficas têm origem na nossa curiosidade, no desejo que todos temos de saber mais acerca da realidade.
9. O filósofo, ao colocar questões, interroga-se a si mesmo.
10. A filosofia está mais próxima da ciência do que do senso comum.



Grupo II

Texto 1
A utilidade da filosofia


"Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. 
O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. 
Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objetos mais comuns conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta. A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito. Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
Bertrand Russell

1. Partindo de uma análise do texto, distinga a filosofia do senso comum.

O texto defende de forma clara a tese de que a filosofia e o senso comum são saberes muito diferentes: começa por dizer que as pessoas que vivem complemente dependentes do senso comum (aquelas que não têm "umas tintas de filosofia"), têm a sua mente presa a preconceitos, ou seja a crenças ("convicções") que não foram analisadas pela razão, não foram sujeitas a uma crítica racional (que são mantidas na mente "sem a cooperação ou consentimento de uma razão deliberada").
Depois, Bertrand Russell mostra-nos que a atitude filosófica é necessária para não cairmos nessa vida superficial e rotineira: tudo pode ser objeto da interrogação filosófica, mesmo "os objetos mais comuns". Temos aqui uma referência ao espanto, a reconhecimento da ignorância que é uma componente essencial da atitude filosófica. É uma atitude diferente do homem que vive preso ao senso comum, pois não se caracteriza pela passividade, uma vez que o espanto filosófico dá origem à interrogação e esta, não tem fim, pois a filosofia é uma atividade constante de busca pelo sentido do que somos, do que vivemos e da realidade em que estamos inseridos.
A filosofia é um saber racional, pelo que vai sempre à raiz dos problemas (radicalidade), ao contrário do senso comum que é um saber superficial.
A filosofia, enquanto saber racional, segue um método - embora cada filósofo tenha o seu método (o seu caminho para procurar a verdade), só se consegue filosofar de forma sistemática, organizada, se se proceder de forma metódica. Com o senso comum dá-se o oposto, já que este é um saber ametódico que se adquire ao acaso e de forma assistemática (desorganizada).
[271 palavras]



2. Podemos afirmar que o texto 1 pode servir de base para a interpretação da alegoria da caverna? Justifique a sua resposta, explicando o que o autor entende por "dúvida libertadora".

Sim.  O texto usa uma série de imagens que podemos relacionar com a alegoria da caverna: diz-nos que o homem que não tem uma atitude filosófica vive "agrilhoado a preconceitos". Agrilhoado significa, acorrentado, remetendo-nos para a ideia da prisão e dos prisioneiros que é central na alegoria da caverna: os prisioneiros na caverna representam as pessoas que vivem completamente mergulhadas no senso comum.
Para essas pessoas, "o mundo tende, [...], a tornar-se finito, definido, óbvio" - e isto parece uma referência à caverna, pois os prisioneiros vivem aprisionados na sua ignorância, julgando que o pequeno simulacro da realidade que lhes é proporcionado pelas sombras projetadas na parede à sua frente é a verdadeira realidade, quando esta é muito mais vasta e muito mais rica  em conteúdo e diversidade do que esse simulacro.
Podemos ver, também, que o texto nos apresenta a filosofia como uma atividade libertadora, pois "sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito". É isso que se passa com o prisioneiro que é libertado (que se liberta) da caverna, vê a sua mente alargar-se e liberta-se da "tirania" da experiência quotidiana (o hábito). Esta ideia é reforçada pela referência à "dúvida libertadora", pois é a dúvida que nos permite evitar o dogmatismo, ou seja, a crença na suficiência do que julgamos saber, quando achamos que nada é problemático, que o mundo é banal e que não precisamos de nos conhecer a nós próprios para além das aparências.
[245 palavras]

Texto 2

A Ciência e a Filosofia

"Se a ciência tende cada vez mais para a especialização, a filosofia, no sentido inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado. Por isso a filosofia tem uma função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e do agir."
ARANHA, Maria Lucia de Arruda, http://filosofarliberta.blogspot.pt/2016/10/a-filosofia-e-ciencia.html

3. Comente o texto 2 explicando a relação entre a filosofia e a ciência.


Em primeiro lugar, o texto não nos diz que a filosofia e a ciência são saberes contraditórios, pois se a filosofia procura a "interdisciplinaridade", isso significa que a filosofia e as ciências têm pontos de contacto, enquanto saberes racionais, complementam-se
A diferença apresentada no texto entre a filosofia e a ciência é, assim, natural, uma vez que "a ciência tende cada vez mais para a especialização": foi, aliás, esta tendência que deu origem às diversas ciências (praticamente todas nascidas da filosofia). Isto, porque o objectivo principal da ciência é descrever e explicar a realidade e esta é muito vasta e complexa, não podendo ser estudada por uma única disciplina. Cada ciência estuda uma área da realidade e, à medida que o conhecimento científico avança, é necessário que dentro de cada ciência surjam especialidades, uma vez que um físico, por exemplo, não consegue estudar todos os objetos que fazem parte do campo de investigação da Física, nem um médico pode dominar todas as áreas da medicina.
Esta tendência para a especialização tem como principal perigo a "alienação do saber parcelado", ou seja, que se caia numa visão científica do mundo que não nos permita compreender o todo e a harmonia das suas partes, como se cada elemento do universo não estivesse ligado a todos os outros. Daí o texto falar em "alienação" que significa, neste caso, uma degradação da compreensão humana do mundo (da realidade) que é ilusória, ou seja, que nos impede de encontrar a verdade e de dar sentido à nossa vida e à realidade em que vivemos.
Cabe à filosofia procurar uma visão integradora dos saberes (interdisciplinar), porque não está restrita a uma área específica da realidade, o seu objeto é a totalidade do real, porque a filosofia é uma tentativa radical de dar sentido (de compreender) a tudo o que experienciamos. Já a definição etimológica da palavra "filosofia" nos dá conta desta busca incessante de uma compreensão globalizante, pois a "filosofia" significa "amor à sabedoria" e a sabedoria pode ser definida como uma consciência integradora que permite estabelecer "o elo entre as diversas formas do saber e do agir", é, ao mesmo tempo, conhecimento e ação, porque filosofar é viver de forma consciente, a filosofia tem que ser vivida.
Tanto a filosofia como a ciência vivem da problematização, mas a interrogação filosófica é sempre pessoal, o filósofo tem que se assumir a sua busca como uma missão libertadora, em primeiro lugar de si próprio e dos demais seres humanos, enquanto que os problemas científicos são respondidos de forma impessoal, completamente objetiva.
[424 palavras]


Grupo III

Neste grupo não apresentamos uma resposta-modelo, uma vez que neste tipo de questão os alunos podem posicionar-se de forma pessoal face ao problema proposto.
Assim é necessário que os alunos construam um texto argumentativo em que fundamentem a sua opinião:

- formulando com precisão o problema em apreço;
- expondo com imparcialidade as teses concorrentes (as respostas possíveis para o problema);
- confrontando as teses concorrentes entre si;
- elaborando uma resposta reflectida à questão ou problema, apresentando argumentos que sustentem cabalmente a resposta.

O seguinte guião pode ajudar a elaborar uma estratégia de resposta:

Como estruturar um texto argumentativo

Sunday, April 24, 2016

Exercício - Silogismo - Correção

1. Verifique a validade dos seguintes silogismos, justificando a sua resposta com base nas regras de validade silogística:
1.1. 1ª figura; modo: AIO;
O silogismo não é válido, porque o termo maior está distribuído na conclusão (que, sendo do tipo O, tem o predicado distribuído), mas não está distribuído na premissa maior, onde ocorre como predicado (a premissa maior, sendo do tipo A, não tem o predicado distribuído).
Este silogismo viola também a regra que diz que de duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa.

1.2. 3ª figura; modo: EIO;
Este silogismo é válido, porque não viola nenhuma regra de validade silogística: o termo médio está distribuído na premissa maior (que, sendo do tipo E tem ambos os termos distribuídos); o termo maior está distribuído na conclusão, mas como a premissa maior é do tipo E, o termo maior está, também aí, distribuído; o silogismo não tem duas premissas negativas e a premissa maior é universal e a conclusão, sendo do tipo O (particular negativa), segue a parte mais fraca: a premissa maior é negativa e a premissa menor, particular.

1.3. 4ª figura; modo: AIO;
Este silogismo não é válido, porque: O termo médio não está distribuído pelo menos uma vez: na premissa menor ocorre como predicado de uma proposição do tipo A (que não está distribuído) e a premissa menor é do tipo I, pelo que não tem nenhum termo distribuído; este silogismo tem uma conclusão negativa (tipo O) e as premissas afirmativas, violando a regra que diz que de duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa.

1.4. 2ª figura; modo: EAA;
Este silogismo não é válido, porque a conclusão não segue a parte mais fraca, a premissa maior é negativa, do tipo E, pelo que a conclusão teria que ser negativa.

1.5. 1ª figura; modo: AEE;
Este silogismo não é válido, porque: o termo maior está distribuído na conclusão (do tipo E, tem ambos os termos distribuídos), mas não está distribuído na premissa maior, uma vez que aí ocorre como predicado de uma proposição do tipo A, violando a regra que diz que nenhum termo pode estar distribuído na conclusão sem o estar nas premissas.

1.6. 3ª figura; modo: AEE;
Este silogismo não é válido, porque: o termo maior está distribuído na conclusão (do tipo E, tem ambos os termos distribuídos), mas não está distribuído na premissa maior, uma vez que aí ocorre como predicado de uma proposição do tipo A, violando a regra que diz que nenhum termo pode estar distribuído na conclusão sem o estar nas premissas.

1.7. 2ª figura; modo: AAI.
Este silogismo não é válido, porque o termo médio não está distribuído pelo menos uma vez, pois ocorre como predicado em ambas as premissas que, sendo as duas do tipo A não têm o predicado distribuído.


2.

2.1. 
Todos os seres vivos precisam de oxigénio
Todos os animais são seres vivos
Todos os animais precisam de oxigénio

2.2. 
Todos os portugueses têm a cidadania portuguesa
Alguns europeus não têm a cidadania portuguesa
Alguns europeus não são portugueses;


2.3. 
Nenhuma aeronave aterra em Kabul
Todos os aviões são aeronaves
Nenhum avião aterra em Kabul


2.4. 
Nenhum grupo de artistas tem matemática
Algumas turmas são grupos de artistas
Algumas turmas não têm Matemática


2.5. 
Todos os praticantes de desporto são atletas
Todos os futebolistas são praticantes de desporto
Todos os futebolistas são atletas


2.6. 
Todos os indivíduos cuidadosos são aplicados 
Alguns indivíduos cuidadosos são alunos
Alguns alunos são aplicados

3. Construa os seguintes silogismos, com termos à sua escolha:
3.1. 1ª figura; modo AAA:
Todos os investigadores são intelectuais
Todos os cientistas são investigadores
Todos os cientistas são intelectuais

3.2. 2ª figura; modo AIO:
Todos os aplicados são indivíduos cuidadosos  
Alguns alunos são indivíduos cuidadosos
Alguns alunos não são aplicados
(Nota: este silogismo é inválido)

3.3. 3ª figura; modo AEO:
Todos os religiosos são crentes 
Nenhum religioso é ateu
Alguns ateus não são crentes
(Nota: este silogismo é inválido)

3.4. 4ª figura; modo AAI:

4. Em cada caso, construa um silogismo válido:

4.1. Com o termo médio ‘voluntários':
Todos voluntários  são solidários
Alguns bombeiros são voluntários
Alguns bombeiros são solidários

4.2. Com o termo menor ‘Polícias’:
Alguns criminologistas  são investigadores criminais
Todos os investigadores criminais são polícias
Alguns polícias são criminologistas


4.3. Com o termo menor: ’Cientistas’;
       E com o termo maior: ‘Competentes’:

Todos os empenhados são competentes
Todos os cientistas são empenhados 
Todos os cientistas são competentes

Monday, April 18, 2016

Felicidade - Utilitarismo


Mill: a felicidade - prazeres superiores e prazeres inferiores


O Conceito de Máxima

       Dicionário Escolar de Filosofia

O que é, pois, agir por dever? Agir por dever é agir em função da reverência pela lei moral; e a maneira de testar se estamos a agir assim é procurar a máxima, ou princípio, com base na qual agimos, isto é, o imperativo ao qual as nossas ações se conformam. Há dois tipos de imperativos: os hipotéticos e os categóricos. O imperativo hipotético afirma o seguinte: se quiseres atingir determinado fim, age desta ou daquela maneira. O imperativo categórico diz o seguinte: independentemente do fim que desejamos atingir, age desta ou daquela maneira. Há muitos imperativos hipotéticos porque há muitos fins diferentes que os seres humanos podem propor-se alcançar. Há um só imperativo categórico, que é o seguinte: "Age apenas de acordo com uma máxima que possas, ao mesmo tempo, querer que se torne uma lei universal".

Sunday, March 6, 2016

Fundacionismo

Comparação Descartes - Hume


Conhecimento a priori e conhecimento a posteriori


A causalidade segundo David Hume


Princípios de associação de Ideias - David Hume


Os tipos de conhecimento segundo David Hume


Descartes - Provas da existência de Deus



Clique na imagem:



Descartes - Critério de Verdade


Duvida cartesiana






Características do Cogito cartesiano


O empirismo de David Hume




Teoria do conhecimento de Kant


Os diversos tipos de ideias (Descartes)


Fundacionismo de Descartes




Fundacionismo de Hume


Racionalismo


Empirismo