Monday, March 24, 2014

Teste 3 - questão II.3


Aplique-se o conteúdo do texto aos exemplos apresentados na questão:

"Considerem-se as seguintes afirmações acerca de um sujeito, ao qual chamarei S:
  1. S sabe andar de bicicleta.
  2. conhece o Presidente dos EUA.
  3. S sabe que a Serra da Estrela fica em Portugal.
Chamo conhecimento proposicional ao tipo de conhecimento apresentado em 3. Note-se que o objecto do verbo em 3 é uma proposição — uma coisa que é verdadeira ou falsa. Existe uma proposição — a Serra da Estrela fica em Portugal — e S sabe que essa proposição é verdadeira.
As frases 1 e 2 não têm esta estrutura. O objecto do verbo em 2 não é uma proposição, mas uma pessoa. O mesmo aconteceria se disséssemos que conhece Lisboa. Uma frase como 2 diz que S está ou esteve na presença de uma pessoa, de um lugar ou de uma coisa. Por isso dizemos que 2 corresponde a um caso de conhecimento por contacto.
Existe alguma ligação entre estes dois tipos de conhecimento? Possivelmente, para que Sconheça o Presidente dos Estados Unidos, terá de ter conhecimento proposicional acerca dele. Mas qual? Para que S conheça o Presidente terá de saber em que Estado ele nasceu? Isso não parece essencial. E o mesmo parece acontecer relativamente a todos os outros factos acerca dele: não parece haver qualquer proposição específica que seja necessário saber para se possa dizer que se conhece o Presidente. Conhecer uma pessoa implica, isso sim, ter um tipo qualquer de contacto directo com ela.
Chamemos ao tipo de conhecimento exemplificado em 1 conhecimento de aptidões. Que significa dizer que se sabe fazer alguma coisa? Penso que isto tem pouco a ver com o conhecimento proposicional. Uma pessoa pode saber andar de bicicleta aos cinco anos, e para isso não precisa de saber qualquer proposição acerca desse facto. O contrário também pode acontecer: uma pessoa pode ter muito conhecimento proposicional acerca de um assunto — de pintura, por exemplo — , e não ter qualquer conhecimento de aptidões a esse respeito.
Vamos aqui abordar apenas o conhecimento proposicional. Queremos saber o que é necessário para que um indivíduo S saiba que p, sendo p uma proposição qualquer — como a de que a Serra da Estrela fica em Portugal. Daqui em diante, quando falarmos de conhecimento, estaremos sempre a referir-nos ao conhecimento proposicional."

Teste 3 - questão II.2

A fenomenologia explica o fenómeno de um modo simples considerando o sujeito cognoscente e o objecto cognoscível. Existe, inicialmente, um sujeito e um objecto diferentes um do outro, sendo que estes partilham uma relação – o conhecimento. Este sujeito apenas é sujeito para este objecto e este objecto apenas é objecto para este sujeito, estes estão ligados por uma estreita relação, condicionando-se reciprocamente (correlação). A relação que sujeito e objecto partilham é dupla mas não reversível, isto é, os papéis de sujeito e objecto não são intermutáveis, a sua função é, portanto, diferente. Nesta relação a função do sujeito é apreender o objecto e a do objecto é a de ser apreendido pelo sujeito. Para que o sujeito possa conhecer, este tem que se transcender, entrando na esfera do objecto, onde capta as características do objecto e as faz entrar na sua própria esfera. O sujeito apenas tem noção do que apreendeu quando reentra em si. O sujeito sai, portanto, deste processo, modificado, dado que com ele traz apenas uma representação mental – imagem – do objecto, em tudo igual ao objecto em si.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento




Ficha Formativa - Descartes (Escolha múltipla)


1. Segundo Descartes, o cirtério de verdade é:
A. A delicadeza e a exatidão;
B. a clareza e a distinção;
C. a delicadez e a distinção;
D. a clareza e a não contradição.

2. De acordo com Descartes os conteúdos da nossa mente podem classificar-se como:
A. Ideias inatas; ideias fictícias; ideias adventícias;
B. ideias factícias; ideias complexas; ideias simples,
C. ideias adventícias; ideias inatas; ideias factícias.
D. ideias simples, ideias inatas, ideias claras e distintas.

3. A dúvida cartesiana é hiperbólica porque:
A. Só se aplica aos objectos da experiência;
B. aplica-se a todas as nossas crenças;
C. aplica-se a todas as ideias factícias:
D. aplica-se só aos objectos da razão.

4. O cogito é:
A. A base da dúvida metódica;
B. alcançado através da experiência;
C. a a prova de que a verdade não existe;
D. a primeira verdade alcançada através da dúvida.

5. Identifique a afirmação verdadeira:
A. Descartes é céptico porque parte da dúvida.
B. Descartes não é céptico porque a dúvida é metódica.
C. Descartes é céptico porque não procura a verdade e a encontra por acaso.
D. Descartes é céptico porque consegue duvidar de tudo.

6. Identifique a afirmação errada:
A. O principal problema de Descartes é o de encontrar a garantia de que o nosso conhecimento é absolutamente seguro.
B. A condição necessária para que algo seja declarado conhecimento absolutamente seguro é resistir completamente à dúvida.
C. Descartes consegue provar que os sentidos não nos enganam.
D. O primeiro conhecimento absolutamente seguro é a existência do sujeito que tem consciência de que os sentidos e o entendimento o podem enganar.

7. Ao recorrer à dúvida metódica, Descartes pretende:
A. Mostrar que os sentidos por vezes nos enganam;
B. rejeitar definitivamente tudo o que não seja indubitável;
C. encontrar um fundamento seguro para o conhecimento.
D. Nenhuma das respostas anteriores é correta.

8. De acordo com a filosofia cartesiana, Deus existe porque:
A. O universo físico tem de ter uma causa;
B. a organização do Universo aponta para um criador inteligente;
C. a própria ideia de ser perfeito implica a sua existência.
D. Nenhuma das respostas anteriores é correta.

9. Segundo Descartes, o cogito é uma verdade indubitável porque:
A. A existência do nosso corpo pode ser uma ilusão;
B. podemos provar que Deus existe;
C. somos um sujeito pensante;
D. compreendemo-lo com toda a clareza e distinção.

10. Segundo Descartes, apenas é verdadeira a seguinte afirmação:
A. Sabemos que o mundo exterior é real porque os sentidos o comprovam;
B. sabemos que o mundo exterior é real porque sabemos que o sujeito existe;
C. sabemos que o mundo exterior é real porque o cogito é um princípio indubitável que
garante a sua existência;
D. sabemos que Deus existe porque o mundo exterior é real.

11. Descartes, no percurso que faz da dúvida até ao primeiro princípio indubitável,
considera que:
A. Não pode atribuir qualquer importância aos dados empíricos na aquisição do
conhecimento verdadeiro;
B. pode atribuir alguma importância aos dados empíricos na aquisição do conhecimento
verdadeiro;
C. tem de atribuir alguma importância aos dados empíricos na aquisição do conhecimento
verdadeiro;
D. tem de atribuir uma importância fundamental aos dados empíricos na aquisição do
conhecimento verdadeiro.

12. Na filosofia cartesiana, a ideia de Deus que o sujeito possui teve origem:
A. Numa ideia, proveniente dos sentidos, que o sujeito descobriu na sua própria razão;
B. na necessidade de encontrar um criador para tudo o que existe;
C. no eu pensante, ao submeter todos os conhecimentos que possui à dúvida radical;
D. em Deus, que a deixou em nós como a sua marca. 

4. De que modo Descartes obteve conhecimento do Cogito?

Descartes obteve conhecimento do Cogito através da Razão, totalmente a priori.
O sujeito racional conhece-se a si mesmo através da sua Razão, de forma direta, intuitiva, sem o auxílio da experiência sensorial. Porque o cogito é um conhecimento inferencial que resulta do conhecimento que o sujeito racional tem da atividade da sua Razão.
É que o pensamento tem este poder de se virar para si próprio e de se tomar a si mesmo como objecto de conhecimento (chama-se reflexão a esta capacidade). E este conhecimento não pode ser posto em causa - não podemos pô-lo em dúvida - mesmo ao duvidar não podemos duvidar de que pensamos.
Podemos duvidar de que temos um corpo, porque quando nos colocamos o desafio do cérebro dentro de um aquário (ou dentro de uma cuba) temos dificuldade em provar que não estamos nessa situação, mas não podemos duvidar de que duvidamos quando estamos a duvidar. Por exemplo, podemos pensar que nos estamos a coçar sem que o estejamos a fazer, mas não podemos pensar que estamos a pensar sem, de facto, estarmos a pensar.
Daqui se depreende que o conhecimento empírico é contingente (a sua verdade não implica a impossibilidade de ser falso), enquanto que o conhecimento racional é necessário (a sua verdade implica a impossibilidade de ser falso).

3. Será que Descartes é realmente um céptico? Porquê?

Descartes não é um céptico. 
Porque, embora utilize a dúvida céptica e os argumentos cépticos, fá-lo para, por um lado mostrar que a experiência sensorial não pode ser considerada uma fonte credível do conhecimento e, por outro, que só a Razão pode ser a origem do conhecimento verdadeiro.
A dúvida é metódica, ou seja, serve como instrumento para alcançar a verdade. Ao duvidar de todas as crenças, só ficaremos presos na dúvida se, de facto, nos for impossível conhecer verdades, pois a verdade resistirá à dúvida, aparecerá como algo acerca do qual não podemos duvidar (algo de indubitável, portanto).
É através da dúvida que Descartes chega ao cogito: ao duvidar não pode duvidar de que pensa e, se não pode duvidar de que pensa, também não pode duvidar de que existe. As crenças envolvidas no cogito ('penso' e 'existo') são incorrigíveis, ou seja, não conseguimos sequer conceber que possam estar erradas. Isso significa que estamos perante crenças fundacionais, crenças que se auto-justificam e que, por sua vez, podem servir de justificação a outras crenças, rompendo assim com a circularidade céptica da regressão infinita.
Descartes usa a dúvida céptica para fundamentar uma posição totalmente oposta ao cepticismo: o dogmatismo. O dogmatismo, do ponto de vista da filosofia do conhecimento, defende que o conhecimento é possível e não tem limites. Trata-se, como é óbvio, do conhecimento racional: só a Razão permite chegar à verdade. 


Sunday, March 9, 2014

Teste 03 - 26/02/2014 - Grupo I

Grupo I
Para cada um dos itens, Selecione a alternativa correta.

1. Dizer que o conhecimento é factivo:
(A) Significa que o conhecimento pode ser falso.
(B) Significa que o conhecimento não pode ser falso.
(C) Significa que o conhecimento pode ser verdadeiro.
(D) Significa que o conhecimento pode ser falso ou verdadeiro.

Exercício do mesmo tipo (Ficha formativa: Descrição e interpretação da atividade cognitiva - I):

5. Das seguintes alternativas escolha a que melhor se adequa à ideia de que o conhecimento é factivo:
(A) O conhecimento é um facto.
(B) Não há conhecimentos falsos.
(C) Todos os conhecimentos podem ser falsos.
(D) Alguns conhecimentos podem ser falsos.


2. «Sempre que houve alerta vermelho, o mar galgou o paredão da Costa da Caparica. Logo, da próxima vez que for lançado um alerta vermelho, o mar galgará o paredão da Costa da Caparica».
Trata-se de:
(A) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa torna a conclusão apenas provável.
(B) um argumento dedutivo, porque a verdade da premissa implica a verdade da conclusão.
(C) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa impossibilita a falsidade da conclusão.
(D) um argumento dedutivo, porque a sua validade depende unicamente da sua forma lógica.

Exercício do mesmo tipo (Ficha formativa: argumentos não-dedutivos):
1. «Sempre que vi a Mariana, ela usava brincos. Logo, da próxima vez que vir a Mariana, ela usará brincos».
Trata-se de
(A) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa torna a conclusão apenas provável.
(B) um argumento dedutivo, porque a verdade da premissa implica a verdade da conclusão.
(C) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa impossibilita a falsidade da conclusão.
(D) um argumento dedutivo, porque a sua validade depende unicamente da sua forma lógica.


3. De acordo com a definição tradicional de conhecimento,
(A) a crença é condição necessária do conhecimento.
(B) uma crença falsa pode ser conhecimento.
(C) a justificação é condição suficiente do conhecimento.
(D) a opinião é condição necessária e suficiente do conhecimento.

Esta questão saiu na  Ficha formativa: Descrição e interpretação da atividade cognitiva - I

4. Um sujeito sabe que P a priori e sabe que Q a posteriori, se, e só se,...
(A) sabe que P e sabe que Q pelo pensamento apenas.
(B) sabe que P através da experiência e sabe que Q pelo pensamento apenas.
(C) sabe que P e sabe que Q através da experiência.
(D) sabe que P pelo pensamento apenas e sabe que Q através da experiência.


5. Qual das opções se refere ao conhecimento por contacto?
(A) A linha reta é a distância mais curta entre dois pontos.
(B) O salmão é um peixe de água doce.
(C) Ontem passei o dia a observar os pássaros do parque da cidade.
(D) Aos 6 anos aprendi a andar de bicicleta.


6. Os contra-exemplos de Gettier pretendem mostrar que:
(A) Apenas é possível conhecer verdades.
(B) É impossível que uma crença verdadeira e devidamente justificada não seja conhecimento.
(C) Podemos ter uma crença verdadeira e devidamente justificada sem que esta seja, contudo, conhecimento.
(D) A crença, a verdade e a justificação são condições suficientes para o conhecimento.


7. Dado o seguinte silogismo:
Alguns os seres aquáticos são mamíferos
Todos os seres aquáticos são herbívoros
Logo, todos os herbívoros são mamíferos

7.1. Decida qual das seguintes alternativas apresenta corretamente a figura e o modo do silogismo:
(A) 1ª figura; modo: IAA.
(B) 2ª figura; modo: AOA.
(C) 3ª figura; modo: IAA.
(D) 3ª figura; modo: AII.

7.2. Este silogismo é:
(A) Válido, porque não viola nenhuma regra de validade silogística.
(B) Inválido, porque a conclusão não segue a parte mais fraca e o termo menor está distribuído na conclusão sem o estar na premissa menor.
(C) Inválido, porque a conclusão não segue a parte mais fraca e o termo maior está distribuído na conclusão sem o estar na premissa maior.
(D) Inválido, porque o termo médio não está distribuído pelo menos uma vez.

8. Analise as seguintes proposições:

1. 'Todos os animais são seres vivos'.
2. 'Alguns europeus não são pacifistas'.
3. 'Nenhum homem é imortal'.

- Escolha a alternativa que identifique corretamente os termos que estão distribuídos em cada uma das proposições:
(A) 1. O predicado; 2. nenhum; 3. O sujeito e o predicado.
(B) 1. O sujeito; 2. O predicado; 3. nenhum.
(C) 1. O sujeito e o predicado; 2. O sujeito; 3. ambos.
(D) 1. O sujeito; 2. O predicado; 3. ambos.

9. Considere as seguintes falácias:

1. É impossível falar sem usar palavras, uma vez que as palavras são necessárias para falar.
2. Ninguém conseguiu provar que a reincarnação existe. Portanto, a reincarnação não existe.
3. Quem não aprova todas as nossas decisões é contra nós. Como não aprovas todas as nossas decisões, és contra nós.
4. A filosofia de Sartre é irrelevante porque o autor é ateu.
____________
Deve afirmar-se que:
(A) 1. é petição de princípio; 2. é ad hominem; 3. é falso dilema; 4. é apelo à ignorância.
(B) 1. é petição de princípio; 2. é apelo à ignorância; 3. é falso dilema; 4. é ad hominem.
(C) 1. é falso dilema; 2. é apelo à ignorância; 3. é ad hominem; 4. é petição de princípio.
(D) 1. é petição de princípio; 2. é apelo à ignorância; 3. é ad hominem; 4. é falso dilema.

___________________________
Fundamentação das respostas:


1.
"O conhecimento é factivo, factivo significa literalmente: remeter para factos.
Palavras como “ver” e “ouvir” são factivas. Palavras como “desejar”, “querer” ou “preferir” não são factivas.
O desejo não é factivo, pois posso desejar efectivamente algo que não existe, algo que não é real, algo que é impossível.
Por exemplo: posso desejar estar em dois lugares ao mesmo tempo. Esse desejo incide em algo impossível, mas é um desejo tão efectivo como desejar beber um café com uma pessoa amiga. Os desejos podem perfeitamente não remeter para factos sem deixar de ser desejos.
O ver é factivo, pois não posso efectivamente ver algo que não é real. Quando efectivamente se vê, vê-se algo que é real, algo com o qual os olhos podem estabelecer um contacto.
O que pode acontecer é que me engane e julgue ter visto sem de facto ter visto. É o que sucede, por exemplo, nas alucinações visuais. Estas costumam ser definidas como percepções sem objecto e são “produzidas” pelo cérebro e não pelos olhos, não se relacionando (pelo menos directamente) com algo que esteja diante da pessoa que alucina.
Em suma: quem alucina não está de facto a ver (chamar “visões” às alucinações é apenas uma maneira de falar), mas quem deseja algo impossível ou irreal está de facto a desejar.
Verifica-se o mesmo com o conhecimento. Só se pode conhecer o que é verdadeiro, aquilo que de facto sucede. Aquilo que não sucede não pode ser conhecido, pois nada há para conhecer.
Tal como uma pessoa se pode enganar e julgar ver algo sem realmente estar a ver, também se pode enganar e julgar que conhece e afinal não conhecer.
Mas isso não significa que a pessoa tenha um conhecimento falso. É comum ouvirmos falar de conhecimentos falsos. No entanto, essa expressão não pode ser entendida literalmente, é apenas uma maneira de falar. Se conhecer é conhecer verdades, se não se podem conhecer falsidades, então não há conhecimentos falsos. Se uma crença é falsa, não é conhecimento. Se uma crença constitui conhecimento, não é falsa. Por isso, há crenças falsas mas não conhecimentos falsos.
Em suma: para haver conhecimento é preciso haver verdade. Esta é uma condição necessária do conhecimento."
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento 

2.
OS ARGUMENTOS INDUTIVOS E OS SEUS DIVERSOS TIPOS

-Um argumento indutivo é aquele em que a validade não depende exclusivamente da sua forma lógica.
-Num argumento indutivo válido, a conclusão, embora não sendo absolutamente garantida pelas premissas, é fortemente apoiada por elas.
-Numa indução a conclusão nunca é absolutamente garantida, mas sim provável, plausível ou verosímil.
-Num argumento indutivo válido é muito provável que a conclusão seja verdadeira e, deste modo, o argumento é considerado forte.


A GENERALIZAÇÃO
-A generalização, como o próprio nome indica, consiste em generalizar, isto é, em atribuir a todos os elementos de uma classe aquilo que só vimos ou conhecemos em alguns.
-Este raciocínio leva-nos a dizer de todos aquilo que só sabemos de alguns.
-A conclusão de uma generalização será sempre bastante ampla.
-É evidente que quando atribuímos a todos os casos possíveis aquilo que só observámos em alguns, estamos a tirar uma conclusão geral a partir de premissas particulares ou menos gerais.
-Neste tipo de argumento, as premissas são sempre menos abrangentes do que a conclusão.-Numa generalização, a conclusão tem tendência a dizer mais do que as premissas, daí que a conclusão seja sempre universal.
-Contudo, este tipo de raciocínio não garante a verdade da conclusão.-Na generalização, a conclusão poderá ser muito provável ou plausível, mas nunca temos a garantia da sua absoluta verdade.
-Ainda que se parta de premissas verdadeiras, não há possibilidade de garantir logicamente a verdade da conclusão.
-Na generalização, as conclusões são logicamente falíveis.
-Há três regras fundamentais que se devem cumprir para que uma generalização seja forte.
-A primeira regra diz que a amostra deve ser ampla, ou seja, quanto maior for o número de casos observados, mais forte será o argumento (eu poderei dizer com mais força e legitimidade que “todas as bailarinas são vaidosas” se tiver observado 150 balarinas, do que se tiver observado só 3 ou 4).
-A segunda regra diz-nos que a amostra deve ser relevante, isto é, deve haver uma relação entre o conteúdo das premissas e o conteúdo da conclusão, de modo que toda a classe seja representada.
-Esta regra defende que uma amostra deve representar toda a classe e não apenas algumas das suas espécies e defende ainda que a conclusão não pode esquecer aspectos importantes e conhecidos da classe (para eu concluir com mais legitimidade que “todos os iogurtes são doces”, convém que prove de todos os sabores e de todas as marcas e que experimente também os iogurtes magros).
-A terceira regra diz: não omitir informação relevante, o que significa que não se pode ocultar informação importante quando queremos generalizar (eu não posso apresentar a conclusão que diz que “todos os alunos da turma X são simpáticos”, se um determinado aluno tiver sido profundamente antipático numa situação qualquer).
-Assim, um argumento é mau (inválido, fraco) quando esconde uma prova de que a conclusão é falsa.
-Este processo de generalização indutiva está, por exemplo, na base das sondagens e da investigação em algumas ciências, nomeadamente a biologia ou a sociologia.
-A generalização não afasta a possibilidade de erro, uma vez que não há garantia da verdade da conclusão. Isto acontece devido ao carácter «aberto» do raciocínio indutivo, já que a qualquer momento podemos descobrir um facto que altere completamente a conclusão.
-No entanto, deve afirmar-se que o raciocínio indutivo pode ser bastante preciso e de
confiança.

A PREVISÃO
-Numa previsão as premissas reportam-se sempre a um conjunto de casos e a conclusão diz respeito a casos particulares.
-Este tipo de argumento parte de casos passados para obter uma conclusão que se refere a casos particulares ainda não observados.
-Também na previsão a verdade da conclusão não é garantida.
-Efectivamente, nada impede que venha a ocorrer um resultado Z mesmo que nos casos observados até agora tenha acontecido sempre um resultado Y.
-A previsão é um tipo de raciocínio em que se espera que o que ocorreu até agora venha também a ocorrer no futuro, prevendo-se, deste modo, que a realidade e os fenómenos se mantenham constantes ou permanentes.
-Uma regra essencial para que uma previsão possa ser considerada forte é a seguinte: quanto mais elevado o número de casos observados, mais provável será a ocorrência de um caso igual (ainda não observado).
http://fil11.blogspot.pt/2008/12/noes-de-lgica-informal.html


3.
"O conhecimento pode ser compreendido como uma crença verdadeira justificada, isto é, um dado sujeito tem uma crença – opinião, – essa crença é verdadeira e o sujeito tem boas razões para a justificarem. Assim sendo, crença, verdade e justificação são condições necessárias para que se constitua conhecimento, mas apenas no seu conjunto são suficientes
A Crença é uma condição necessária pois não é possível conhecer sem acreditar. Por outro lado, esta não constitui uma condição suficiente pois esta não passa de uma opinião, podendo, então, ser falsa, saber/conhecer é, portanto, diferente de acreditar. 
A Verdade é uma condição necessária uma vez que o conhecimento é factivo, ou seja, não se podem conhecer falsidades. No entanto esta não é por si só uma condição suficiente, dado que podemos acreditar em alguma coisa que é verdadeira sem que saibamos que esta é verdadeira
A Justificação é uma condição necessária já que é necessário haver boas razões nas quais apoiar a verdade de uma crença. Contudo a justificação não é por si uma condição suficiente, porque ter razões para acreditar em algo não garante que essa crença seja verdadeira."

4.
"O conhecimento a posteriori e a priori são modalidades epistémicas. Uma proposição é conhecível a priori se, e só se, pode ser conhecida sem o concurso da experiência empírica. Assim, 2 + 2 = 4 é uma proposição conhecível a priori porque posso conhecê-la recorrendo unicamente ao pensamento. Mas para saber que a água é H2O tenho de me socorrer da experiência empírica – não posso fazê-lo recorrendo unicamente ao pensamento. (...)
Todo o conhecimento proposicional é uma relação entre um agente cognitivo e uma proposição que é por ele conhecida. Logo, também o conhecimento a priori é uma relação entre um agente cognitivo e uma proposição que é por ele conhecida. Assim, um modo mais rigoroso de definir conhecimento a priori é o seguinte:
·         Uma dada proposição é conhecível a priori por um dado agente cognitivo se, e só se, esse agente conhecer essa proposição sem recorrer à experiência empírica
Posto isto, considere-se as seguintes duas frases:   
1)    Se Sócrates era um ser humano, era um ser humano.
2)    Sócrates era mais pesado do que Platão.
Os recursos envolvidos para poder conhecer o valor de verdade destas frases diferem substancialmente. No primeiro caso, basta raciocinar /pelo que se trata de um conhecimento a priori/; no segundo, é preciso recolher informações históricas sobre Sócrates e Platão /tratando-se, assim, de um conhecimento a posteriori/. No primeiro caso, o agente cognitivo limita-se a pensar; no segundo, é preciso consultar documentos, testemunhos e estudos."
MURCHO, Desidério, Essencialismo Naturalizado Aspectos da Metafísica da Modalidade, 2002. Coimbra: Angelus Novus, pp. 20-22(Texto adaptado).


5.

"O conhecimento é um estado muitíssimo valorizado no qual uma pessoa está em contacto cognitivo com a realidade. Trata-se, portanto, de uma relação. De um lado da relação encontra-se um sujeito consciente, e do outro lado encontra-se uma porção da realidade com a qual o conhecedor está directa ou indirectamente relacionado. Enquanto a relação directa é uma questão de grau, é conveniente pensar no conhecimento de coisas como uma forma directa de conhecimento relativamente ao qual o conhecimento acerca de coisas é indirecto. 
Ao primeiro chama-se habitualmente conhecimento por contacto uma vez que o sujeito está em contacto, através da experiência, com a porção de realidade conhecida, ao passo que ao segundo tipo de conhecimento se chama conhecimento proposicional uma vez que aquilo que o sujeito conhece é uma proposição verdadeira acerca do mundo. conhecer o Rodrigo é um exemplo de conhecimento por contacto, ao passo que saber que o Rodrigo é um filósofo é um exemplo de conhecimento proposicional. 
O conhecimento por contacto inclui não apenas conhecimento de pessoas e coisas, mas também conhecimento dos nossos estados mentais. De facto, os estados mentais daquele que conhece são muitas vezes tidos como porção de realidade mais directamente conhecível."
Linda Zagzebski, «O que é o Conhecimento?», 1999, pp. 92-93.

6.
"Edmund Gettier (...) defende que crença, verdade e justificação não constituem, juntas, a condição suficiente para que haja conhecimento. Este apresenta a sua oposição sobre a forma de contra-exemplos. Nos seus contra-exemplos Gettier mostra que apesar da crença ser verdadeira e estar justificada, a justificação que o sujeito tem para essa crença não decorre dos aspetos relevantes da realidade que a tornam verdadeira. Assim, Gettier afirma que se as crenças forem acidentalmente ou por mera sorte verdadeiras não se constitui conhecimentohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento 

7.1.

Neste silogismo o termo médio é sujeito de ambas as permissas, pelo que o silogismo pertence à 3ª figura.

A premissa maior é do tipo I (particular afirmativa);
A premissa maior é do tipo A (universal afirmativa);
A conclusão é  do tipo A (universal afirmativa).
Logo, o modo do silogismo é IAA.

7.2.

Sendo a conclusão uma proposição do tipo A, o termo menor, o sujeito, está distribuído (ver a regra da distribuição dos termos apresentada a seguir); como o termo menor é predicado da premissa menor e esta é uma proposição do tipo A, não tendo o predicado distribuído (porque não é negativa), o termo menor não está distribuído na premissa menor, o que viola a regra de validade silogística que diz que nenhum termo pode estar distribuído na conclusão sem o estar nas premissas. Estamos aqui perante a falácia formal da ilícita menor.

Podemos também constactar que o silogismo viola a regra segundo a qual a conclusão segue sempre a parte mais fraca: a premissa maior  é do tipo I (particular afirmativa), pelo que a conclusão não poderia ser do tipo A (universal afirmativa).

8.




Regra da distribuição dos termos:Nas proposições universais, o termo-sujeito está sempre distribuído. Nas proposições negativas, o termo-predicado está sempre distribuído.



1. 'Todos os animais são seres vivos'. Proposição do tipo A (universal afirmativa) - Tem o sujeito distribuído, porque, de acordo com a regra da distribuição dos termos as proposições universais têm o sujeito distribuído.

2. 'Alguns europeus não são pacifistas'. Proposição do tipo O (particular negativa) - Tem o predicado distribuído, porque, de acordo com a regra da distribuição dos termos, as proposições negativas têm o predicado distribuído.

3. 'Nenhum homem é imortal'. Proposição do tipo E (universal negativa). Tem ambos os termos distribuídos, porque, de acordo com a regra da distribuição dos termos, sendo universal tem o sujeito distribuído e negativa, tem o predicado distribuído.

9.

1. É impossível falar sem usar palavras, uma vez que as palavras são necessárias para falar. Petição de Princípio:
"Uma petição de princípio é um argumento falacioso em que se tenta provar uma conclusão com base em premissas que a pressupõem como verdadeira. Dito por outras palavras: a ideia que precisa de ser justificada é usada como meio de justificação, a ideia que está em causa é dada como adquirida."
http://duvida-metodica.blogspot.pt/2012/11/peticao-de-principio.html

2. Ninguém conseguiu provar que a reincarnação existe. Portanto, a reincarnação não existe. Apelo à Ignorância:
"Este é um argumento falacioso que conclui que algo é verdadeiro só porque não pode ser provado como falso, ou vice-versa."
http://falaciasonline.wikidot.com/apelo-a-ignorancia

3. Quem não aprova todas as nossas decisões é contra nós. Como não aprovas todas as nossas decisões, és contra nós. Falso Dilema:
Falsa dicotomiafalso dilemapensamento preto e branco ou falsa bifurcação é uma falácia lógica que descreve uma situação em que dois pontos de vista alternativos, geralmente opostos, são colocados como sendo as únicas opções, quando na realidade existem outras opções que não foram consideradas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Falsa_dicotomia

4. A filosofia de Sartre é irrelevante porque o autor é ateu. Ad Hominem:

Um Argumentum ad hominem (latim, argumento contra a pessoa) é uma falácia identificada quando alguém procura negar uma proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo.  (...) A falácia ocorre pois conclui sobre o valor da proposição sem examinar seu conteúdo, o que é absurdo.(...)
Argumento ad hominem circunstancial (ad hominem circustantiae): coloca em foco a imparcialidade do adversário, sugerindo que o último tem algo a ganhar com a defesa daquele ponto de vista.

Monday, February 24, 2014

Argumentos não dedutivos - questões de escolha mútipla

1. «Sempre que vi a Mariana, ela usava brincos. Logo, da próxima vez que vir a Mariana, ela usará brincos».
Trata-se de
(A) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa torna a conclusão apenas provável.
(B) um argumento dedutivo, porque a verdade da premissa implica a verdade da conclusão.
(C) um argumento indutivo, porque a verdade da premissa impossibilita a falsidade da conclusão.
(D) um argumento dedutivo, porque a sua validade depende unicamente da sua forma lógica.

2. Para obter um argumento indutivo forte, por generalização,
 (A) é necessário partir de uma amostra representativa.
 (B) é suficiente inferir a partir de premissas gerais.
 (C) é necessário demonstrar a verdade da conclusão.
 (D) é suficiente respeitar as regras da lógica formal.

3. Um argumento por analogia é um argumento
 (A) dedutivo que parte de uma boa comparação entre realidades diferentes.
 (B) não dedutivo que parte de semelhanças entre realidades diferentes.
 (C) dedutivo que parte de certo número de semelhanças entre realidades diferentes.
 (D) não dedutivo que parte de diferenças relevantes entre realidades semelhantes.

4. Num raciocínio indutivo forte, a verdade
 (A) da conclusão é garantida pela verdade das premissas.
 (B) das premissas torna provável a validade da conclusão.
 (C) da conclusão é garantida pela validade das premissas.
 (D) das premissas torna provável a verdade da conclusão.

Argumentos não dedutivos - questões II

Leia o texto seguinte.
Texto A
"Do mesmo modo que os olhos dos morcegos ficam ofuscados pela luz do dia, também a 
inteligência da nossa alma fica ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes."
Aristóteles, Metafísica, Livro α, 993b

Identifique um tipo de argumento informal que pode construir, a partir do texto.

Justifique a resposta.

Resposta:

A resposta integra os seguintes conteúdos, ou outros considerados relevantes e adequados.
Exemplo:
– identificação do tipo de argumento que se pode construir a partir do texto como sendo um argumento 
por analogia;
– justificação: a analogia estabelece-se a partir da comparação entre «os olhos dos morcegos» e a  «inteligência da nossa alma» e entre a «luz do dia» e as «coisas mais naturalmente evidentes», de  modo que a luz do dia está para os olhos dos morcegos como as coisas mais evidentes estão para a inteligência da nossa alma.

Argumentos não dedutivos - questões I

1. Considere o argumento seguinte.
Quando observamos um relógio, apercebemo-nos de que as suas várias partes estão desenhadas 
e articuladas para produzirem um certo fim. Quando temos em conta o seu mecanismo, é inevitável 
a inferência de que ele foi construído por um artífice. Ora, o universo tem grande complexidade e 
organização. Assim, supõe-se que também teve um criador inteligente.

1.1. Classifique o tipo de argumento apresentado.
Justifique a sua resposta.

1.2. Apresente a conclusão do argumento.

Resposta:1.1.  - Classificação correta: o argumento apresentado é um argumento por analogia / uma analogia.
– Justificação: o argumento fundamenta-se numa comparação entre dois casos particulares, o relógio e o universo, sendo destacadas as suas semelhanças, no que diz respeito à complexidade e organização, para fundamentar a sua semelhança em relação à existência de um criador inteligente.

1.2. A resposta é a seguinte, ou outra equivalente.

– A conclusão do argumento é: «O universo teve um criador inteligente».

Alargando os limites do conhecimento

Se a humanidade estiver impedida de ter um conhecimento por contacto de um certo objecto (por exemplo, um planeta distante), podemos concluir que também estar impedida de ter conhecimentos proposicionais acerca desse objecto?

Por estranho que pareça, há situações em que o conhecimento inferencial precede o conhecimento por contacto: Clyde W. Tombaugh descobriu Plutão, em 1930, porque os astrónomos tinham feito cálculos que previam a existência de um corpo celeste de grandes dimensões a seguir a Neptuno. Apesar de se ter constatado que esses cálculos estavam errados, Tombough, com o telescópio do observatório Lowell no Arizona, resolveu escrutinar a área do sistema 
solar onde era previsível que estivesse a órbita desse corpo desconhecido e acabou por encontrar Plutão.
Em 1964 o físico nuclear Peter Higgs, prémio Nóbel da física em 2013, com base nas hipóteses levantadas por Philip Anderson, predisse a existência de uma partícula subatómica a que deu o nome de bosão. Esta partícula só foi observada a partir de 2012 por intermédio do maior instrumento de observação científica criado até hoje: o acelerador de partículas do CERN.
Se nos mantivermos fiéis à teoria tradicional acerca do conhecimento, no caso da descoberta de Plutão por Tombaugh, não se pode falar de conhecimento antes da descoberta propriamente dita, porque não só os cálculos estavam errados, o que significa que a crença na existência de um corpo de grandes dimensões a seguir a Neptuno não estava bem justificada, como o que havia antes da descoberta era uma suspeita muito vaga.
No caso de Higgs a hipótese sobre a existência do bosão estava bem fundamentada do ponto de vista matemático e revelou-se verdadeira. Nesse caso podemos afirmar que a crença de Higgs na existência do bosão está muito próxima da satisfação das condições previstas pela teoria tradicional, do conhecimento como crença verdadeira justificada. Mesmo que possamos 
pôr em causa o seu estatuto de conhecimento não podemos negar que foi com base nessa crença que o bosão acabou por ser encontrado.
Outro exemplo de antecipação do conhecimento por contacto pelo raciocínio conjectural é a  tabela periódica de Mendeleiev:
"Em 1871Mendeleev previu, a partir de espaços vazios em sua tabela periódica, que devia haver ainda pelo menos 3 elementos não descobertos, aos quais ele nomeou eka-boron, eka-aluminium, e eka-silicon. Com a previsão de Mendeleev da existência desses espaços e suas propriedades químicas aproximadas, os elementos correspondentes foram encontrados por químicos franceses, escandinávios e alemães, e foram nomeados por seus países de descoberta, como Gálio, Escândio e Germânio."(http://pt.wikipedia.org/wiki/Descoberta_dos_elementos_qu%C3%ADmicos)